Memorial
Uma pétala perfumada?
Uma lágrima salgada?
Para as duas que em datas tão dispersas nunca se viram nem verão.
Mas a mesma ânsia de voar em busca da felicidade.
Tão parecidas na minha confusão num ponto remoto e outro noutra direção.
Os passos altos e vistosos.
Ambas torneadas e elegantes…
Mas a meiguice escondida a desabrochar a quem a soubesse ver.
E pensar na partida que as feriu, não a quero ver.
Simplesmente o vislumbre e o jeito que as torna tão idênticas
Um gesto de manear o cabelo e o sorriso no esgar que se liberta…
E o som das suas vozes aqui tão ao alcance do pensamento.
Que vos posso dar amigas?
A recordação dos vossos rostos talvez se esbata.
As lágrimas talvez sequem e o sal se evapore.
Mas num ponto qualquer e em qualquer lugar
Por momentos ao olhar a rua da minha infância para uma
Ou a olhar o telefone pela manhã para outra este ainda toque
E as vossas vozes sejam as mesmas e se unam no mesmo som
Assim misturadas em vários tons,
E o sorriso das duas me sorria na minha tristeza
E me digam: “vem daí tomar um café ou uma sopa quentinha!”
No recanto da minha memória em memorial vos guardo.